terça-feira, 16 de outubro de 2012

Espaço religioso: como a Linguagem religiosa foi tomada por Jorge Amado.


Mesmo dizendo-se materialista, era simpatizante do candomblé, religião na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá, do qual muito se orgulhava. Amigos que Jorge Amado prezava no candomblé as mães-de-santo Mãe Aninha, Mãe Senhora, Mãe Menininha do Gantois, Mãe Stella de Oxóssi, Olga de Alaketu, Mãe Mirinha do Portão, Mãe Cleusa Millet, Mãe Carmem e o pai-de-santo Luís da Muriçoca. Como Érico Veríssimo e Rachel de Queiroz, é representante do modernismo regionalista (segunda geração do modernismo).

As cores, os sons, a magia e os mistérios de uma Bahia que é o reflexo de um Brasil crente e sincrético. Talvez nunca tenha existido, e dificilmente existirá, alguém que soube traduzir com tanta delicadeza, bom humor, realidade e encanto um povo, como fez Jorge Amado. “Não sou religioso, mas tenho assistido a muita mágica. Sou supersticioso e acredito em milagres. A vida é feita de acontecimentos comuns e de milagres”, assim dizia o escritor baiano, militante comunista, obá de Xangô, filho e ogã de Oxóssi.
Foi por volta dos 16 anos, através do amigo etnólogo Edilson Carneiro, que Jorge Amado mergulhou na religião afro-brasileira. Do babalorixá Procópio Xavier, o escritor recebeu seu primeiro título no candomblé: ogã de Oxóssi – um dos sacerdotes que auxiliam nas cerimônias religiosas. No terreiro de Mãe Senhora, o Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia, ele foi um dos doze conselheiros, chamado de obá de Xangô.
Nos seus mais de 30 livros publicados, o autor de Gabriela, cravo e canela e Tereza Batista cansada de guerra une a festividade típica da religião às características mestiças para criar uma visão específica da Bahia e do Brasil, onde rezas os santos da igreja católica se somam a cânticos e toques aos deuses da natureza, nos terreiros. Entre os seus milhares de personagens, Jorge usou as referências afro religiosas que lhe aproximam dos leitores, e o fazem não só um romancista, como também, indiretamente, um historiador da cultura brasileira.

Deputado constituinte pelo Partido Comunista Brasileiro, em 1946, Jorge Amado foi o principal responsável pela inclusão da emenda constitucional (o inciso 6º do artigo 5º) mantida até hoje, que garante a liberdade de crença e culto no Brasil.
A vida de Jorge Amado é marcada por vários acontecimentos que vale destacar. Cresceu em meio a lutas políticas e poder, ou seja, percebe-se que a infância e a adolescência de Amado era bem movimentada em que ele via as brigas, o poder por terras naquela época e devia ter criado em sua mente várias indagações e perguntas que foram respondidas depois de muitos estudos e pesquisas.
A descoberta do candomblé e o contato com as tradições afro-brasileiras e com a história de escravidão levaram Jorge Amado a desenvolver uma visão específica da Bahia e do Brasil que revela em suas obras, seus romances: uma nação mestiça e festiva. Esse contato com a religião fez com que Jorge criasse dentro de si um sentimento de crítica dos acontecimentos, como a questão da escravidão, do racismo. 



Alunas:Aliane Sousa
Adrielle ferreira
Bruna Santos
Amanda Neves

Nenhum comentário:

Postar um comentário