Mesmo dizendo-se
materialista, era simpatizante do candomblé, religião na qual
exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá, do qual muito
se orgulhava. Amigos que Jorge Amado prezava no candomblé as mães-de-santo Mãe Aninha, Mãe Senhora, Mãe Menininha do Gantois, Mãe Stella de Oxóssi, Olga de Alaketu, Mãe Mirinha do Portão, Mãe Cleusa Millet, Mãe Carmem e o pai-de-santo Luís da Muriçoca. Como Érico
Veríssimo e Rachel de Queiroz, é representante do modernismo regionalista
(segunda geração do modernismo).
As cores, os sons, a magia e os mistérios de uma Bahia que é o reflexo
de um Brasil crente e sincrético. Talvez nunca tenha existido, e dificilmente
existirá, alguém que soube traduzir com tanta delicadeza, bom humor, realidade
e encanto um povo, como fez Jorge Amado. “Não sou religioso, mas tenho
assistido a muita mágica. Sou supersticioso e acredito em milagres. A vida é
feita de acontecimentos comuns e de milagres”, assim dizia o escritor baiano,
militante comunista, obá de Xangô, filho e ogã de Oxóssi.
Foi por volta dos 16 anos, através do amigo etnólogo Edilson Carneiro,
que Jorge Amado mergulhou na religião afro-brasileira. Do babalorixá Procópio
Xavier, o escritor recebeu seu primeiro título no candomblé: ogã de Oxóssi – um
dos sacerdotes que auxiliam nas cerimônias religiosas. No terreiro de Mãe
Senhora, o Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia, ele foi um dos doze conselheiros,
chamado de obá de Xangô.
Nos seus mais de 30 livros publicados, o autor de Gabriela, cravo e canela
e Tereza Batista cansada de
guerra une a festividade típica da religião às características
mestiças para criar uma visão específica da Bahia e do Brasil, onde rezas os
santos da igreja católica se somam a cânticos e toques aos deuses da natureza,
nos terreiros. Entre os seus milhares de personagens, Jorge usou as referências
afro religiosas que lhe aproximam dos leitores, e o fazem não só um romancista,
como também, indiretamente, um historiador da cultura brasileira.
Deputado
constituinte pelo Partido Comunista Brasileiro, em 1946, Jorge Amado foi o
principal responsável pela inclusão da emenda constitucional (o inciso 6º do
artigo 5º) mantida até hoje, que garante a liberdade de crença e culto no
Brasil.
A vida de Jorge Amado é marcada por vários acontecimentos
que vale destacar. Cresceu em meio a lutas políticas e poder, ou seja,
percebe-se que a infância e a adolescência de Amado era bem movimentada em que
ele via as brigas, o poder por terras naquela época e devia ter criado em sua
mente várias indagações e perguntas que foram respondidas depois de muitos
estudos e pesquisas.
A descoberta do candomblé e o contato com as
tradições afro-brasileiras e com a história de escravidão levaram Jorge Amado a
desenvolver uma visão específica da Bahia e do Brasil que revela em suas obras,
seus romances: uma nação mestiça e festiva. Esse contato com a religião fez com
que Jorge criasse dentro de si um sentimento de crítica dos acontecimentos,
como a questão da escravidão, do racismo.
Alunas:Aliane Sousa
Adrielle ferreira
Bruna Santos
Amanda Neves
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